O quanto é difícil e dolorosa a morte de um ente querido e significativo, desperta muitos sentimentos e pensamentos diversos e amontoados no nosso interior, nos direcionando a um caminho não tão fácil, não tão reto, porém necessário e importante de ser vivenciado.
O luto é uma grande montanha russa, não é um processo linear, mas sim dinâmico, terão dias mais amenos, um pouco mais tranquilos, e outros dias mais pesados, um pouco mais difíceis e delicados. E assim é o luto, um aglomerado de “ nadas e tudo” simultaneamente, momentos em que você sente, vivencia e expressa. O luto é algo com o qual estamos aprendendo a viver.
A vivência do luto se faz necessária para compartilhar a dor, para que se converse sobre seus pensamentos, suas necessidades, suas dificuldades e memórias. Falar sobre o que está sentindo e também das suas histórias com seu ente querido lhe ajudará nesse momento tão difícil. Pois, é esse movimento que auxilia a processar, no seu tempo, essa dor tão forte, e a evitar que esse luto seja adiado ou não vivenciado, pois por mais desafiador que seja falar da sua perda e do que está se passando internamente, é extremamente importante para ir acomodando todos esses sentimentos mais pesados e difíceis, e a dar lugar a novos sentimentos mais leves, com o passar do tempo.
O luto é único e individual, nele não existem regras e padrões, não existe maneira certa ou errada, ele é expresso, sentido e experienciado de forma diferente para cada pessoa, e isso é importante, pois nesse momento difícil é necessário não haver cobranças, tudo o que é preciso é de gentileza, compreensão e respeito diante dos sentimentos, da dor, das escolhas.
O luto é um dia de cada vez, um respirar, um passo dentro das condições de cada um, sem pressa, sem tempo definido, sem “superação”, pois o processo é de transformação, é um caminhar onde nos reaprendemos enquanto indivíduos e a tudo o que conhecíamos.
Só existe luto porque existiu e existe muito amor, o luto é essa resposta para o amor por quem aqui deixou o plano físico nessa jornada, e é esse amor que guia e dá forças nos momentos mais escuros dessa caminhada de ser enlutado. O amor é a resposta para todas as dores, e o amor profundo que é sentido pelo ente querido é o propulsor de toda a energia de esperança para os novos dias que virão, para a reorganização interna e externa que é necessária e irá se formando gradualmente, e para a certeza de que todos os que amamos vivem, apenas em um plano diferente do nosso no momento.
Os vínculos não se rompem após a morte. Os laços de amor, de conexão são verdadeiros e permanecem após o desencarne daqueles que compartilharam conosco um período de suas vidas, ou daqueles que tanto tivemos expectativa em compartilhar. A conexão de amor é contínua, aqueles a quem amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós. O amor sobrevive ao tempo, à distância e a ausência física.
Respeite sua dor, seu momento, seu luto. Respeite seus processos internos, suas vontades, o seu choro, a sua alegria. Seja atencioso(a) com seus altos e baixos, suas falas, suas memórias e lembranças. Honre a sua vida, vivendo, aos poucos, como seu familiar ou amigo se alegraria em ver. Hoje, eles continuam, seguem a jornada individual, e você segue gentilmente o seu processo de luto, sua caminhada aqui na terra, sabendo que o amor é a essência que os une, puramente, a cada dia.
E não esqueça, aqueles a quem amamos andam ao nosso lado todos os dias, de diferentes formas:
Através de um vento que sopra ao nosso rosto, de um entardecer que vibra nosso olhar, de um luar que aconchega e acolhe, de um sorriso, de uma lágrima que escorre.
Por meio da música, do poema, da escrita e do desenho e mediante do objeto, das memórias, daquela foto cheia de carinho e saudade.
Na natureza, na borboleta que nos aproxima, no pássaro que canta, na comida que aromatiza o ar, nas histórias que despertam o amor puro.
A todo momento em nossas memórias, em nossos corações, levamos a quem amamos.
Receba o nosso imenso abraço, e a essência do abraço daqueles que acolhe dentro de você.
Tayanne Scholze.
Núcleo Yvonne Pereira de Prevenção e Posvenção do Suicídio.