
Chamamos alienação parental quando o filho é usado por um dos genitores como instrumento de agressão com relação ao outro. É uma forma de violência contra a criança que, infelizmente, passa muitas vezes desapercebida e é mais comum do que se pensa.
Fique atento aos sintomas:
– não comunicar ao outro genitor fatos importantes com relação à vida da criança e tomar decisões sozinho;
– exercer excessivo controle com relação aos momentos em que a criança deve estar com o outro genitor (criando inúmeras atividades para o mesmo dia, tornando-o extenuante, por exemplo);
– “esquecer” de dar recados que o outro genitor ligou, etc., descuidar presentes dados por ele, gerando sentimentos na criança de que o pai ou a mãe não dá importância a ela;
– obrigar a criança a optar entre um dos genitores;
– mostrar desagrado diante do contentamento da criança com relação ao outro genitor;
– desqualificar o outro constantemente;
– tornar a criança espiã da vida do outro genitor.
A criança, nestas situações, tende a apresentar manifestações de raiva com relação ao genitor alienado, distanciamento físico e emocional e nutrir sentimentos que não estão de acordo com a realidade. A perturbação pode gerar também inúmeros transtornos de aprendizagem e sociabilização na escola. São mais propensas a desenvolver, futuramente, quadros de transtornos de humor, dependência química, baixa autoestima, suicídio, dificuldade em criar elas próprias vínculos e relacionamentos saudáveis.
Evidência de uma sociedade ainda primitiva no que tange a lidar com emoções, as manifestações de vingança e violência ainda persistem, quando não diretas, de modo sutil. Quem sofre, geralmente, são aqueles que deveriam ser os mais protegidos e amparados: os filhos.
Deve-se evitar sempre expor os pequeninos às discussões, mantendo em primeiro plano a responsabilidade para com eles. Independentemente da situação entre os pais, a criança precisa saber que continua sendo amada por ambos, jamais sendo transformada em cúmplice dos desajustes afetivos dos mesmos.
Michelle Ponzoni dos Santos
Psicóloga, psicanalista, junguiana