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As relações, especialmente as de origem mais íntima como a familiar, oferece-nos grandiosa oportunidade de maturação interna, visto que no convívio com o outro nos deparamos constantemente com nossos próprios complexos, tendo de desenvolver métodos de lidar com eles. O divórcio, em nossos tempos, tem servido muitas vezes como válvula de escape diante das pequenas frustrações e dificuldades do dia-a-dia. Não obstante, quando os conflitos passam a pesar mais do que o crescimento na relação, trazendo muitas vezes prejuízo, não só ao casal, mas ao desenvolvimento dos filhos, apresenta-se como alternativa saudável de retomada do equilíbrio emocional.

Neste caso, aos pais cabe o discernimento de:

– evitar discussões perante as crianças, conversando a sós em momento próprio;
– tomar a decisão a dois e somente depois, com calma, informar aos filhos;
– jamais perguntar aos filhos o que acham que deveria ser feito (pois esta é uma forma de atribuir-lhes a responsabilidade pelo divórcio dos pais);
– jamais dizer aos filhos que a separação está se dando por culpa deles;
– esclarecer o quanto a relação da mãe ou do pai com os filhos continuará a mesma, ainda que em configuração de lares diferentes;

Não existem temas inabordáveis que o amor não possa discutir e esclarecer. O lar, ainda, não somente é a base da sociedade, mas também uma escola, na qual os exemplos penetram mais do que as palavras e constituem a base das relações futuras das crianças ali presentes. “Os pais são como um espelho que reflete a imagem da realidade que sempre servirá de orientação aos filhos”.*

Recomendamos, por fim, a busca de apoio profissional quando necessário, pois muitas vezes se iludem aqueles que pensam que ao trocar de parceiro encontrarão a felicidade, já que carregamos a nós mesmos onde quer que nos encontremos ou com quem estejamos. O autoconhecimento, o respeito a si e ao próximo são ferramentas de combate ao egoísmo e ao orgulho, que podem auxiliar o sujeito em sua caminhada rumo à individuação** e ao convívio harmônico com o outro.

* Joanna de Ângelis, no livro “Constelações Familiares”
**termo criado por CG.Jung para definir o processo de integração do ser humano, o “ser quem se é”.

Michelle Ponzoni dos Santos
Psicóloga, Psicanalista, Terapeuta Junguiana