Capítulo 18:
Resumo Biográfico dos Espíritos Orientadores da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul
Gelson Luis Roberto
Gilson Luis Roberto
Paulo Rogério D. C. de Aguiar
Apresentamos neste capítulo uma despretensiosa síntese biográfica de alguns abnegados benfeitores espirituais que coordenam de Mais Alto as atividades do movimento médico-espírita em nosso Estado. Muitos deles se fazem presentes rotineiramente em nossas atividades espirituais, deixando sempre a influência positiva e as orientações ponderadas e incentivadoras em nossos trabalhos. Outros tantos amorosos colaboradores não puderam ter suas biografias apresentadas nesse capítulo por não estarem disponíveis informações na internet ou na literatura espírita, como o estimado irmão Ernesto Muller. Algo digno de nota é que muitos deles sequer conheceram o Espiritismo durante sua passagem terrena e outros, ainda, professavam outras religiões. Mais uma vez verificamos que a distinção de denominações religiosas é fenômeno humano, que estabelece fronteiras cercadas, onde em verdade existe colaboração fraterna e harmoniosa no plano divino.
A todos os companheiros da vida eterna, rogamos a assistência benfazeja em nossa peregrinação terrena e agradecemos, emocionados, seus incansáveis esforços que sustentam nossos passos claudicantes na Seara do Mestre.
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti
Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará.
Em 1851, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Em novembro de 1852 ingressou como praticante interno (“residente”) no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Para prover os seus estudos, dava aulas particulares de filosofia e de matemática.
Obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: “Diagnóstico do cancro“. Nesse ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro, e nomeou para chefiá-lo, como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, antigo professor de Bezerra de Menezes, que convidou Bezerra para trabalhar como seu assistente.
Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa, e que cuidava de seus filhos até então, com quem teve mais sete filhos. Por sua postura de médico caridoso, atendendo pessoas que necessitavam mas não podiam pagar, ficou conhecido como “O Médico dos Pobres”.
“O médico verdadeiro é isto: não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto… O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado e achar-se fatigado ou por ser alta à noite, mau o caminho e o tempo, ficar perto ou longe do morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante da medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura.” |
Em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo. Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efetivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia atualmente ao de Prefeito.
Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Em sua atuação como deputado, destacam-se algumas iniciativas pioneiras: buscou, através de projeto de lei, regulamentar o trabalho doméstico, visando conceder a essa categoria, inclusive, o aviso prévio de 30 dias; denunciou os perigos da poluição que já naquela época afetava a população do Rio de Janeiro, promovendo providências para combatê-la.
Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio “A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação” (1869), no qual não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Nesta obra, Bezerra se auto-intitula um liberal, e propõe que se imitasse os ingleses, que na época já haviam abolido a escravidão de seus domínios.
Escreveu ainda obras como “A Casa Assombrada“, “A Loucura sob Novo Prisma“, “A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica“, “Casamento e Mortalha“, “Pérola Negra“, “Lázaro, o Leproso“, “Os Carneiros de Panúrgio“, “História de um Sonho” e “Evangelho do Futuro“. Sabe-se que Bezerra de Menezes era fluente em pelo menos três línguas além do português: latim, espanhol e francês.
Conheceu a Doutrina Espírita quando do lançamento da tradução em língua portuguesa de “O Livro dos Espíritos” (em 1875), através de um exemplar que lhe foi oferecido com dedicatória pelo seu tradutor, o também médico Dr. Joaquim Carlos Travassos. Sobre o contato com a obra, o próprio Bezerra registrou posteriormente:
“Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para o inferno por ler isto… Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!… Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no ‘O Livro dos Espíritos’. Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença.”
Contribuiu para a sua adesão o contato com as “curas extraordinárias” obtidas pelo médium João Gonçalves do Nascimento (1844-1916), em 1882. Com o lançamento do periódico Reformador, por Augusto Elias da Silva em 1883, passou a colaborar com a redação de artigos doutrinários. Após estudar por alguns anos as obras de Allan Kardec, em 16 de agosto de 1886, aos cinquenta e cinco anos de idade, perante grande público (estimado, conforme os seus biógrafos, entre mil e quinhentas e duas mil pessoas) no salão de conferências da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em longa alocução, justificou a sua opção em abraçar o Espiritismo.
No ano seguinte, inicia a publicação de uma série de artigos sobre a Doutrina em “O Paiz” . Na seção intitulada “Spiritismo – Estudos Philosophicos”, os artigos saíram regularmente aos domingos, no período de 23 de outubro de 1887 a dezembro de 1893, assinados sob o pseudônimo “Max”.
Na década de 1880, o incipiente movimento espírita na capital (e no país) estava marcado pela dispersão de seus adeptos e das entidades em que se reuniam. Já havia também uma clara divisão entre dois “grupos” de espíritas: os que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso (maior grupo, o qual se incluía Bezerra) e os que não aceitavam o Espiritismo nesse aspecto.
Em 1889, Bezerra foi percebido como o único capaz de superar as divisões, vindo a ser eleito presidente da Federação Espírita Brasileira. Nesse período, iniciou o estudo sistemático de “O Livro dos Espíritos” nas reuniões públicas das sextas-feiras, passando a redigir o Reformador; exerceu ainda a tarefa de doutrinador de espíritos obsessores. Organizou e presidiu um Congresso Espírita Nacional (Rio de Janeiro, 14 de abril), com a presença de 34 delegações de instituições de diversos estados. Assumiu a presidência do Centro da União Espírita do Brasil a 21 de abril e, em 22 de dezembro de 1890, oficiou ao então presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, em defesa dos direitos e da liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal Brasileiro de 1890.
De 1890 a 1891 foi vice-presidente da FEB na gestão de Francisco de Menezes Dias da Cruz, época em que traduziu o livro “Obras Póstumas” de Allan Kardec, publicado em 1892. Em fins de 1891, registravam-se importantes divergências internas entre os espíritas e fortes ataques exteriores ao movimento. Bezerra de Menezes afastou-se por algum tempo, continuando a frequentar as reuniões do Grupo Ismael e a redação dos artigos semanais em “O Paiz”, que encerrou ao final de 1893. Aprofundando-se as discórdias na instituição, foi convidado em 1895 a reassumir a presidência da FEB (eleito em 3 de Agosto desse ano), função que exerceu até à data de seu falecimento. Nesta gestão iniciou o estudo semanal de “O Evangelho segundo o Espiritismo“, fundou a primeira livraria espírita no país e ocorreu a vinculação da instituição ao Grupo Ismael e à Assistência aos Necessitados.
Foi em meio a grandes dificuldades financeiras que um acidente vascular cerebral o acometeu, na manhã de 11 de abril de 1900. Não faltaram aqueles, pobres e ricos, que socorreram a família, liderados pelo Senador Quintino Bocaiúva. No dia seguinte, na primeira página de “O Paiz”, foi lhe dedicado um longo necrológio, chamando-o de “eminente brasileiro”.
Com relação ao aspecto missionário da vida de Bezerra de Menezes, a obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, de Chico Xavier, atribuído ao espírito de Humberto de Campos, afirma:
“Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração.”
Dr. Bezerra de Menezes é o patrono das Associações Médico-Espíritas de todo o Brasil, assim como dos hospitais espíritas espalhados pelo país. 1
Napoleão Laureano
Napoleão Laureano nasceu no dia 22 de agosto de 1914 no então distrito de Natuba, pertencente ao município de Umbuzeiro. Em 1943 concluiu o Curso superior de Medicina pela faculdade de Medicina do Recife hoje Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Especializou-se em cirurgia do câncer.
Conforme anúncio publicado no jornal “A União” durante o mês de outubro de 1944, oferecia seus serviços nas seguintes especialidades: doenças das senhoras, operações, partos, tratamento cirúrgico das cicatrizes e outros defeitos congênitos ou adquiridos.
Napoleão Laureano foi dos primeiros médicos paraibanos a se dedicar ao tratamento do câncer, uma “doença maldita” e que gerava muito preconceito nos anos 40. O canceroso, mesmo entre os profissionais da medicina, era discriminado; nem todos se acercavam do paciente com uma dose de humanismo.
Na redemocratização do País em 1945, ingressou na política sendo eleito Vereador pela UDN. Na primeira eleição da Mesa diretora da Câmara municipal de João Pessoa foi escolhido Vice Presidente, entretanto, assumiu de imediato a presidência em razão do Presidente – vereador Miguel Bastos, ter assumido a prefeitura da capital, pois o prefeito e o vice-prefeito entraram de licença para tratamento de saúde. Posteriormente o edifício sede do legislativo pessoense recebeu o nome: Casa Napoleão Laureano.
Prestigio e liderança o fizeram ser eleito presidente do legislativo pessoense. Tinha amplo destaque na política e era muito conceituado no exercício de seu trabalho na medicina, quando foi vitimado pelo câncer. Viajou aos Estados Unidos em busca de solução para sua enfermidade, sendo atendido no Memorial Hospital de Nova York, onde teve de ouvir a dura realidade de que seu mal já não tinha cura.
Na sua volta ao Brasil, mesmo sabendo que lhe restaria pouco tempo de vida, se dispôs a dedicar todo tempo que lhe restava a uma campanha de abrangência nacional, com o objetivo de dotar a cidade de João Pessoa de um centro de combate ao câncer. Era o início de uma grande batalha para se obter recursos suficientes no combate ao câncer, tendo como sede desse acontecimento, o Diário Carioca no Rio de Janeiro, local onde se deu as reuniões para o levantamento da causa. As Rádios Mayring Veiga e Nacional transmitiam o evento e logo os primeiros recursos em doações começaram a aparecer.
Em pouco tempo e com resultados da captação de recursos em ascensão, foi proposta a criação de um órgão responsável para que gerenciasse o fundo financeiro que estava se formando. Assim sendo, foi criada a Fundação Napoleão Laureano, nome do médico-mártir.2
Franklin Annes Veríssimo
Nasceu em 22 de Julho de 1859. Foi um médico humanitário queridíssimo pelo povo cruzaltense, que erigiu um monumento em granito e bronze, em sua homenagem, na Praça General Firmino. Franklin Verissimo era o protótipo da caridade cristã, o filho da Cruz Alta – RS que a cidade inteira abençoou e reverenciou com o título de Pai dos Pobres. E ele não se limitava a trabalhar com seus doentes – trabalhava ombro a ombro com a peonada, na sua fazenda, enquanto as mãos piedosas da sua esposa, dos seus filhos e da fiel Laurinda Amado (empregada que acompanhou a família durante toda sua vida) atendiam com cuidado os doentes em recuperação. No dia 3 de Junho de 1918, quando Franklin Veríssimo era sepultado, com o acompanhamento de milhares de pessoas de todas as categorias sociais, seus amigos decidiram angariar fundos para a construção de um monumento para perpetuar sua memória. No dia seguinte ao marcado para a coleta, já havia sido coberta a quantia destinada ao monumento, e o excedente era distribuído entre pessoas necessitadas, em memória do extinto.3
Leocádio José Correa
Leocádio José Correia nasceu em Paranaguá – PR no dia 16 de fevereiro de 1848. Após terminar o ensino das primeiras letras e os colégios de instrução secundária, Leocádio encaminhou-se para a vida eclesiástica no Seminário Episcopal de São Paulo, do qual desistiu às vésperas da primeira unção sacerdotal. Assumiu então outro apostolado, que cumpriu desta vez, na Academia de Medicina do Rio de Janeiro. Como dedicado aluno de um dos maiores vultos da medicina nacional, o Doutor João Vicente Torres Homem (1837–1887), Leocádio encarregou-se de coletar minuciosos apontamentos sobre as preleções que ouvia, tarefa esta que garantiu subsídios para a publicação das lições do renomado catedrático sobre a febre amarela.
No dia 20 de dezembro de 1873, doutorou-se em medicina após ter sustentado uma tese sobre a Litotripsia (trituração dos cálculos vesicais para a eliminação pela urina), em 30 de agosto do mesmo ano.
Foi inspetor da Santa Casa de Misericórdia, inspetor escolar, jornalista, orador, escritor e poeta. Filiando-se ao Partido Conservador, foi eleito deputado provincial à Assembléia Legislativa onde, como democrata, assumiu a causa abolicionista. Como inspetor da instrução pública destacou-se no propósito de revisão dos planos escolares que causavam dano aos seus contemporâneos deixando, assim, as sementes da reforma escolar que sua curta existência não viu consolidada.
O teatro também mereceu sua atenção e estudo, tendo se utilizado do palco cênico como instrumento de sua campanha contra a escravidão negra junto ao núcleo de jovens que o acompanhava. A encenação de “Talento e ouro”, de Leôncio Correia, sob sua direção, alcançou ruidoso sucesso no teatro Santa Calina, de Paranaguá. Entre os seus escritos teóricos destaca-se “Duas páginas sobre o drama da Redenção”, publicado postumamente por seu filho Leocádio Cysneiros Correia.
Leocádio José Correia faleceu no dia 18 de maio de 1886, vítima de febre perniciosa. Foi um fato enormemente pranteado, especialmente pelos mais pobres e necessitados, que Leocádio, em sua breve vida, visitava diariamente.
Poucos anos depois de sua morte, Leocádio José Correia começou a manifestar-se espiritualmente. Primeiro no litoral do estado de Santa Catarina; posteriormente, no Estado do Paraná, seu objetivo era a divulgação da mensagem de Jesus Cristo, à luz da Doutrina dos Espíritos.
Há mais de 50 anos vem desempenhando papel na execução do projeto de trabalho da Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, em Curitiba, no sentido de reconceituar o Espiritismo no Brasil. Leocádio José Correia é um dos agentes organizadores e implementadores do processo de ensino-aprendizagem proposto pela Doutrina dos Espíritos, para a humanidade e para os grupos de exercício mediúnico.4
Ivon Costa
Nascido na Cidade de São Manuel – MG (hoje Eugenópolis), no dia 15 de julho de 1898 e desencarnado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 9 de janeiro de 1934, com 35 anos de idade.
Ivon Costa foi um dos mais notáveis conferencistas espíritas do Brasil, contribuindo decisivamente com sua palavra abalizada e esclarecedora no sentido de dinamizar a difusão da Doutrina Espírita, o que fez com fibra inquebrantável e verdadeiro denodo. Dotado de invejável dom de oratória e possuindo um magnetismo contagiante e uma voz privilegiada ele arrebatava os auditórios com a força de sua argumentação.
Foi seminarista, entretanto, quando faltavam apenas dezenove dias para a sua ordenação sacerdotal, constatou-se que ele não possuía certidão de batismo. Em face da confusão estabelecida, Ivon desistiu de seguir a carreira eclesiástica. Dirigiu-se, então, para o Rio de Janeiro onde estudou e se diplomou em Medicina. Era notável poliglota, falando perfeitamente o francês, inglês, alemão e espanhol.
Atravessando, certa vez, uma fase difícil em sua vida, viu-se sem saber como, defronte a um Centro Espírita, onde, com as portas abertas, se realizava uma reunião pública. Movido por estranho impulso adentrou a sede da instituição e ali ouviu os comentários que se faziam sobre a Codificação Kardequiana. Ao retirar-se, estava transformado, pois havia encontrado a resposta a todas as suas indagações. Convertendo-se ao Espiritismo iniciou logo as tarefas de pregador. Possuindo sólida bagagem intelectual e médium que era, destacava-se com raro brilhantismo na tribuna, mantendo, além disso, diálogo com os assistentes, a fim de esclarecer melhor os argumentos empregados nas conferências.
No ano de 1927 casou-se, em Porto Alegre, com Honorina Kauer e, no mesmo dia do casamento no civil, dirigiu-se à cadeia pública onde proferiu belíssima palestra para os detentos. Não existe Estado ou capital do Brasil em que Ivon Costa não tenha efetuado palestras doutrinárias. Era um tribuno extraordinário, de largos recursos de lógica, de forte sugestão tribunícia. Sabia abordar os temas com eloquência e brilho. Suas excursões não se limitaram apenas ao Brasil. Percorreu também países da Europa, dentre eles Portugal, França, Espanha, Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Certa vez, ia falar em Maceió, Estado de Alagoas, num teatro alugado, mas pouco antes da conferência, o teatro foi fechado por ordem do bispo local. O público que aguardava a sua palavra não se conformou com a atitude do clero e levou-o à praça, onde a palestra foi realizada. Em represália, os sinos da igreja repicaram e alguns fanáticos lhe atiraram pedras, porém ele suportou tudo com estoicismo e verdadeiro espírito de renúncia.
Ivon Costa residiu dois anos e meio na Alemanha. Em seguida mudou-se para Paris, onde exerceu a função de intérprete de cinema, na Paramount. Em todos os lugares por onde passava, deixava as sementes da Doutrina dos Espíritos. Ele teve também a oportunidade de participar do Congresso Internacional de Espiritismo, realizado em Haia, na Holanda.
No ano de 1932, Ivon retornou definitivamente ao Brasil, passando a residir em Porto Alegre, onde clinicava gratuitamente. O Espiritismo muito deve a Ivon Costa, pois podemos afirmar que foi o espírita que mais excursionou no propósito de propagar os ideais reencarnacionistas, sendo a sua tarefa muito semelhante àquela desempenhada pelo grande tribuno major Viana de Carvalho. Da bibliografia de Ivon Costa, consta o livro “O Novo Clero”, e da sua obra missionária resultou a fundação de elevado número de sociedades espíritas em todo o Brasil.5
Ramiro Marques D´Avila
Nascido em Porto Alegre – RS no dia 25 de fevereiro de 1891, filho único de José Maria D’Avila e Anna Marques D’Avila. Apesar de sua grande inclinação pela matemática, matriculou-se por vontade própria na Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1906. Terminou, com brilhantismo e aprovação plena, o curso médico em 1911. Nesse mesmo ano, em 22 de dezembro, defendeu sua tese que foi aprovada com distinção.
Como médico caridoso e abnegado, visitava a maioria dos seus inúmeros doentes a pé. Quando a peste bubônica e a varíola atingiram a população de Porto Alegre, foi o médico que maior número de doentes atendeu. Sua peregrinação terrena terminou inesperadamente em 7 de novembro de 1918.6
Cândido Machado da Silveira
Nasceu em 08 de dezembro de 1859 em Alegrete (RS). Iniciou seus estudos em medicina no Rio de Janeiro e graduou-se médico e doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia (atual Universidade Federal da Bahia), com a Tese Doutoral “ACÇÃO PHYSIOLOGICA E THERAPEUTICA DA PAPAINA”, em 1886.
De volta ao RS, clinicou em Santiago do Boqueirão onde, em 1 de dezembro de 1888, casou-se com Paulina, com quem teve 10 filhos.
Foi eleito deputado na Assembléia dos Representantes do Estado do Rio Grande do Sul na primeira legislatura (1891-1892) pelo Partido Republicano Rio-grandense. Pertencia ao grupo político de Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros e Pinheiro Machado.
Em 1893 foi clinicar em Cruz Alta -RS. Foi iniciado na maçonaria na loja Cruzeiro do Sul, em Porto Alegre -RS, sendo um dos fundadores da Loja Maçônica Harmonia Cruz-altense em 1895. Foi nomeado Intendente Municipal em Cruz Alta para o período de 1905 a 1908 e faleceu em 08 de julho de 1914 (causa mortis “hemorragia cerebral”, atestada pelo Dr. Oscar José Pithan – um dos fundadores do Hospital Espírita de Porto Alegre).
Em sua homenagem, foram nomeadas uma rua e uma escola em Cruz Alta (Rua Dr. Cândido Machado e Escola Estadual de Ensino Fundamental Doutor Cândido Machado).7
Sepé Tiaraju
Em Santo Ângelo, cidade gaúcha considerada a “capital das missões”, existe um monumento a Sepé Tiaraju onde está escrito, na base do mesmo, famosa frase que perpetua a imagem desse índio para todos os gaúchos: “Esta terra tem dono”!
Herói da resistência, exemplo de coragem, força e liderança, Sepé é uma lenda que permanece viva no coração do povo gaúcho. Sua vida é contada e cultuada não só pelas regiões das missões, como em todo Rio Grande do Sul. Considerado pelo povo gaúcho um santo: “São Sepé”, é cultuado como um protetor das terras de São Pedro, fazendo parte, na tradição cultural gaúcha, da falange de São Miguel Arcanjo.
Sepé era hábil no manejo da lança e da espada, conseguia trespassar uma folha de laranjeira a 200 pés de distância com um único flechaço. Sua perícia e técnica eram admiráveis. Em dezembro de 1849 o cacique Sepé Tiaraju era eleito corregedor de São Miguel Arcanjo. Bernardi (1997), declara que a esse posto ascendera Sepé graças à sua bravura, inteligência, sua capacidade de agremiação e de comando.
Em fins de abril de 1752 o Povo Guarani foi tomado de surpresa quando o padre Balda recebeu uma carta que reativava o Tratado de Madri. Sepé mantinha o Sete Povos em segurança durante estes tempos tumultuosos. No dia 07 de fevereiro de 1756, os lanceiros de Sepé foram cercados pelas forças inimigas,hoje dentro do perímetro da cidade de São Gabriel. Combatendo bravamente, Sepé foi atingido por um peão português que quebrou uma lança nas costas, logo após recebeu um tiro de pistola do governador de Montevidéu, José Joaquim Viana, morrendo no sopé da Coxilha de Santa Tecla, perto de Bagé. Estava com trinta e quatro anos.
Terminada a história começa a lenda. Depois de sua morte, uma outra realidade começa a configurar-se em torno de Sepé: torna-se figura lendária e santa para toda a região platina. Vem em forma de lenda ou mesmo se insere no contexto cotidiano das pessoas como um amigo íntimo a participar de suas questões através do apoio que naturalmente lhe rogam. Suas qualidades e exemplo são louvados em prosa e verso: sua resistência contra a arbitrariedade, o seu protesto armado contra os prepotentes comissários de dois reis grileiros de ultramar, as suas façanhas, o seu martírio.
Como mito, está presente no trabalho de inúmeros curandeiros, médiuns e casas espíritas do RS. Atualmente, o bravo guerreiro atende às súplicas de muitos que pedem por ele, intercedendo pelas bênçãos de São Miguel aos que precisam de apoio espiritual. Cultuado como um santo, Sepé é buscado por inúmeras pessoas que rogam com orações sua proteção.
Sepé Tiaraju é considerado um santo para os gaúchos e sua presença está associada ao papel de protetor e defensor contra todo o tipo de maldade.
Um fato comentado na cultura religiosa que expressa essa convicção é uma das visitas que o médium baiano Divaldo P. Franco fez ao RS. Conta que numa das primeiras visitas que fez ao RS, com o objetivo de fazer algumas conferências e percorrer o interior do estado, estava ele descendo do avião quando apareceu o espírito de um índio seguido por outros espíritos. Este se apresentou como Sepé Tiaraju que o saudou e perguntou quem era ele e o que queria naquelas terras. Divaldo, respondendo ao índio, colocou seus objetivos e este, então, disse dar a permissão para pisar no solo gaúcho.
Sepé Tiaraju é considerado o primeiro herói rio-grandense. Símbolo do espírito de sacrifício, e de fidelidade patriótica, do denodo, do heroísmo, e do amor à terra.8
Francisco de Menezes Dias da Cruz
Natural da cidade do Rio de Janeiro, nasceu em 27 de fevereiro de 1853. Possuidor de enorme clínica, o Dr. Dias da Cruz não fugia aos deveres da caridade, dando, assim, expansão aos seus sentimentos humanitários. Estudioso desde a infância, preocupou-se com a ciência homeopática e, mais tarde, diante de provas irrefutáveis, tornou-se espírita dos mais caridosos e evangélicos. Em 1855, pronuncia na Federação Espírita Brasileira (FEB) a sua primeira conferência, tendo participado de vários movimentos importantes na defesa e unificação do espiritismo. Em 1890, em substituição ao seu colega de profissão e amigo Dr. Bezerra de Menezes foi eleito presidente da FEB, cargo que exerceu com devotamento até os primeiros dias de 1895. Sob a sua presidência foram iniciados os trabalhos de socorro material e espiritual da Assistência aos Necessitados, que até hoje constituem o cerne dos serviços cristãos prestados pela FEB.
Em 1896, por proposta de Bezerra de Menezes, e em atenção aos abnegados serviços prestados à Federação, foi Dias da Cruz aclamado presidente honorário da mesma.
Dirigiu o Reformador durante o período da sua presidência e escreveu inúmeros artigos doutrinários e de polêmica com a assinatura modesta de “Um espírita”. É também autor do livro “O Professor Lombroso e o Espiritismo”.
Em 1900 o Dr. Dias da Cruz reorganiza o Instituto Hahnemaniano do Brasil. Este foi o período áureo da homeopatia no Brasil. Em 1901, devido aos esforços do Dr. Dias da Cruz, reaparece o periódico “Anais de Medicina Homeopática”, cuja publicação havia sido interrompida em 1884, ocupando lugar honroso entre as publicações periódicas sobre medicina. Em 1926 foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro de Homeopatia, sob a presidência do Dr. Dias da Cruz. Propagandista dos mais convictos e autorizados, possuidor de excelente cultura médica, mestre reconhecido pela sua proficiência, com vasta clínica em que abundaram notabilíssimas curas, constituiu ele, por mais de meio século, um dos grandes marcos no progresso da homeopatia no Brasil.
Desencarnou na cidade do Rio de Janeiro, em 30 de setembro de 1937, na avançada idade de 84 anos, atingida após proveitoso dispêndio de energias em favor do próximo.9
Padre Reus
João Baptista Reus nasceu em 1868, na Arquidiocese de Bamberga (Baviera, Alemanha). Dotado de têmpera decidida e de coração puro, entrou no Seminário de Bamberga e ordenou-se sacerdote em 1893. Sua maior alegria era subir a colina de Pottenstein para freqüentar a Igreja dedicada à Virgem Maria. Nestas ocasiões costumava pedir que seu destino fosse o de transformar-se em um pobre sacerdote. Quando dezenas de anos mais tarde teve a oportunidade de escrever suas memórias, fez constar a seguinte passagem a respeito destes pedidos:
“A Virgem Maria tomou esse meu pedido ao pé da letra e me alcançou a graça de vir a ser, por sua intercessão, um pobre jesuíta. Quanta alegria proporcionou-me mais tarde o completo cumprimento deste meu desejo. É admirável como a Mãe sabe superar de longe todo o raciocínio humano. Graças lhe sejam dadas por toda a eternidade”.
João Baptista filiou-se à Companhia de Jesus em 1894. Depois de um longo tempo de preparação em que empregou todas as suas forças no auxilio aos pobres, doentes e necessitados, o padre Reus foi enviado ao Brasil.
Em 15 de setembro de 1900, Pe. João Batista Reus desembarcou no porto de Rio Grande – RS. Nos primeiros 11 anos de Brasil dedicou-se ao apostolado na cidade de Rio Grande. Recordando-se daquele tempo, Padre Reus escreve mais tarde:
“Na minha vida espiritual fazia o que a regra prescreve. Chamou-me atenção o fato de sentir por momentos vivamente a presença de Deus durante a meditação. Parece-me que Ele descia sobre mim e sobre mim descansava, de modo que o sentia perto de mim. Mas eu não sabia o que isto significava… Certa vez, até quando fui chamado à sala de visitas, experimentei a presença de Jesus como uma pessoa que estivesse a meu lado, mesmo enquanto conversava com as pessoas”.
Um ano depois, em 1912 foi removido para a capital do Estado, e nomeado professor num dos colégios mais tradicionais da cidade, o Colégio Anchieta.
Teve experiências místicas que o surpreenderam:
“Durante o exame de consciência, a 26 de agosto sobreveio-me tal fogo abrasador que só consegui aliviar meu coração com suspiros fortes. Repentinamente aumentou de tal maneira esta onda de amor, vindas do alto, que não conseguia mais suportá-la”.
Parecendo-lhe tudo isso muito estranho, procurou o superior da Missão, padre Zartmann, homem muito sério e prudente. Após minucioso exame disse-lhe que a coisa vem realmente de Deus!”
Recebeu uma graça muito rara: as santas Chagas ou estigmas de Cristo. Na noite de seis para sete de setembro, acordou várias vezes e sentiu cada vez mais a presença do Salvador. Durante a meditação da manhã percebeu sensivelmente como Cristo olhava para ele. É o próprio Padre Reus que conta:
“De repente sobreveio-me um amor fortíssimo e inflamou-me todo o corpo, de modo que parecia estar em chamas. Senti-me puxando para cima, de modo que os meus braços ficaram distendidos. Violenta labareda de fogo precipitou-se do alto e eu senti como algumas setas penetravam em meu coração. Julguei que fosse imaginação minha e me esforcei por rejeitar toda ilusão, mas de nada adiantaram os meus esforços. Percebi, então, cinco raios de luz, vindos em direção das cinco partes do meu corpo, nas quais no Vosso Corpo ressuscitado, ó Jesus, guardais as santas chagas. Foi uma verdadeira luta. Embora nada percebesse com meus olhos corporais, a visão era tão clara que não podia duvidar ter recebido em minha alma a impressão das Vossas cinco Chagas”
A partir de então recebe quotidianamente graças excepcionais durante os exercícios de piedade, principalmente durante a celebração da missa. Anjos e Santos lhe apareciam diversas vezes.
No ano de 1913 foi nomeado pároco da cidade de São Leopoldo-RS, centro de colonização alemã, lugar onde ficaria o resto de sua existência. Ali foi diretor e conselheiro espiritual no Seminário Maior de São Leopoldo e do Colégio Cristo Rei.
Continuando seu trabalho de ajuda aos pobres e necessitados que havia iniciado na Alemanha, fundou a Liga Operaria Católica com o objetivo de continuar ajudando os pobres, coisa que procurou fazer enquanto foi vivo.
Após pouco mais de 79 anos de idade, 54 de sacerdócio e 53 de vida religiosa na Companhia de Jesus, falece em 21 de julho de 1947.10, 11
Filho de Mariana Lucas Annes e Domingo Veríssimo da Fonseca é irmão de Franklin Annes Veríssimo. Casou-se com sua prima Manuela Annes Dias, nascida em 22 janeiro de 1878, em Cruz Alta – RS, filha de Lucia Annes Dias e do Capitão Manoel Rodrigues Dias.
Toríbio era ruralista, comerciante, médico prático e filântropo. Ele e Manuela auxiliavam aos doentes e aos desvalidos.
Durante a Gripe Espanhola, em 1918, sua casa tornou-se um hospital. Toribio foi uma criatura de grande bondade. Sua casa estava sempre aberta, indistintamente a ricos e pobres.
Sem curso de medicina dava remédio para os pobres que moravam na periferia de sua chácara. Também se pode dizer que foi o precursor das maternidades em Cruz Alta. Muitas senhoras tiveram seus filhos em sua casa sendo atendidas por ele e sua esposa.
Deixou uma memória abençoada. Prova disso são os pedidos e promessas feitos em seu túmulo que permanentemente está cheio de flores e velas. Muitos dos pedidos são escritos nas paredes do jazigo e dizem que são atendidos.
Existem, na cidade Cruz Alta, rua, bairro, Escola Municipal e um centro de tradições gaúchas (C.T.G) com o seu nome em sua memória e homenagem.12
Madre Justina Inês
Nasceu na França em 9 de fevereiro de 1879 e faleceu em Bento Gonçalves – RS em 15 de março de 1937. Seu tumulo encontra-se no Cemitério Publico Municipal de Garibaldi – RS. Aos 21 anos de idade ingressou na Congregação das Irmãs de São José, em Moutiers – França.
Veio para o Brasil em 1903, com desejo de ser missionária e aqui encontrou um vasto campo de missão. Dedicou sua vida exercendo atividade missionária como professora, mestra de noviças e Superiora Provincial. Amava a Congregação e a juventude. Sua predileção pelos menos favorecidos manifestava-se em palavras animadoras e ajudas oportunas.
Na Eucaristia, buscava força para sua intensa atividade intelectual e apostólica. Era grande o seu amor à Paixão de Jesus, a Maria e a São José. Sua vida foi de muita caridade e renúncias pessoais continuas.
Após a morte, manifesta proteção aos que pedem sua ajuda. São muitas as pessoas que, dos mais distantes lugares, acorrem ao túmulo da humilde religiosa para pedir ou agradecer favores recebidos.13
Sheilla
Têm-se notícias apenas de duas encarnações de Scheilla: uma na França, no século XVI, e outra na Alemanha. Na existência francesa, chamou-se Joana Francisca Frémiot, nascida em Dijon a 28 de janeiro de 1572 e desencarnada em Moulins a 13 de dezembro 1641. Ficou conhecida como Santa Joana de Chantal (canonizada em 1767) ou Baronesa de Chantal. Casara-se, aos 20 anos, com o Barão de Chantal. Tendo muito cedo perdido seu marido, passou a dedicar-se a obras piedosas e orações, juntamente com os deveres de mãe para com seus 4 filhos.
Fundou, em 1604, juntamente com o Bispo de Genebra, S. Francisco de Salles, em Annecy, a Congregação da Visitação de Maria, que dirigiu como superiora de 1612 a 1619. Passaram por grandes necessidades, mas a Ordem da Visitação foi aumentando e superou todos os problemas. Em 1619, São Vicente de Paulo ficou como superior do Convento da Ordem da Visitação. Santa Joana de Chantal deixou o cargo de superiora e voltou a Annecy, onde ficava a casa-mãe da ordem. A Santa várias vezes tornou a ver São Vicente de Paulo, seu confessor e diretor espiritual. À data de sua morte a Congregação da Visitação de Maria contava com 87 conventos e, no primeiro século, com 6.500 religiosos. A 13 de dezembro de 1641 ela veio a falecer.
A outra encarnação conhecida de Scheilla, verificou-se na Alemanha. Com a guerra no continente Europeu, aflições e angústias assolaram a cidade de Berlim, na Alemanha, onde Scheilla atuava como enfermeira. Seu estilo simples, sua meiguice espontânea, muito ajudavam em sua profissão. Bonita, tez clara, cabelo muito louro, que lhe davam um ar de graça muito suave. Seus olhos, azuis-esverdeados, de um brilho intenso, refletiam a grandeza de seu Espírito. Estatura mediana, sempre com seu avental branco, lá estava Scheilla, preocupada em ajudar, indistintamente. Esquecia-se de si mesma, pensava somente na sua responsabilidade. Via primeiro a dor, depois a criatura. Numa tarde de pleno combate, desencarna Scheilla, a jovem enfermeira. Morria no campo de lutas, aos 28 anos de idade.
Muitos anos depois, surgia nas esferas superiores da espiritualidade, com o seu mesmo estilo, aprimorado carinho e dedicação, Scheilla, a Enfermeira do Alto.14
Joanna de Angelis
Joana é a guia espiritual do médium Divaldo Franco. A obra mediúnica de Joanna de Ângelis é composta por dezenas de livros, muitos deles traduzidos para diversos idiomas, versando sobre temas existenciais, filosóficos, religiosos, psicológicos e transcendentais. Dentre as suas obras destacam-se as da Série Psicológica, composta por mais de uma dezena de livros, nos quais a entidade estabalece uma ponte entre a Doutrina Espírita e as modernas correntes da Psicologia, em especial a transpessoal e junguiana.
No século I, vivera como Joana de Cusa, uma das maiores colaboradoras da obra de Jesus, inclusive citada no evangelho como uma das mulheres piedosas, tendo sida queimada viva ao lado de seu único filho, juntamente com outros cristãos no Coliseu de Roma.
Em 12 de novembro de 1651 nascia no México Sór Juana Inés de La Cruz, tendo sida a maior poetisa da língua hispânica; muito competente em teologia, medicina, direito canônico e astronomia. Foi teatróloga, musicista, pintora e poliglota. Falava e escrevia, fluentemente, seis idiomas.
Em 11 de dezembro de 1761 nascia em Salvador-Bahia Sóror Joana Angélica de Jesus que posteriormente tornou-se freira. Em 1822, em defesa da honra das jovens do seu convento, foi assassinada por um soldado português, tornando-se mártir da independência do Brasil.
Joanna de Ângelis também vivera no século XIII (De 1194 à 1253). Chiara d’Offreducci foi fundadora da ordem feminina Franciscana. Mais tarde, em 15 de agosto de 1255 foi canonizada pelo papa Alexandre IV, agora conhecida como Santa Clara de Assis.
Hoje, vivendo na espiritualidade e assumindo o nome de Joanna de Ângelis, é um dos guias espirituais da humanidade, realizando uma experiência educativa e evangélica de altíssimo valor, inclusive publicando diversas obras literárias, milhares de mensagens, traduzidas em diversos idiomas, transcritas em braile, reproduzidas em áudio e distribuídas por vários países do mundo.
Marlene Rossi Severino Nobre
Nascida em berço espírita, no interior de São Paulo, no ano de 1937, era viúva do deputado Freitas Nobre, com quem teve dois filhos. Médica ginecologista, estudou medicina em Uberaba a partir de 1957. Em outubro de 1958 conheceu o médium Chico Xavier, com quem conviveu intensamente, em trabalhos espiritas realizados quatro vezes por semana até o ano de 1962, quando se formou em medicina. Líder espírita, foi fundadora do C.E.Cairbar Schutel, em São Paulo e da Associação Médico-Espírita (de São Paulo, do Brasil e a Internacional), das quais foi a presidente durante toda sua vida. Com seu dinamismo psicológico e com sua grande capacidade agregadora e de liderança, colaborou com o surgimento das AMEs em todas as regiões do Brasil, contando mais de 5 dezenas. Juntamente com Freitas Nobre fundou também o jornal e a Editora “Folha Espírita”. Foi autora de vários livros, quais sejam: “A Obsessão e suas Máscaras”, ”Nossa Vida no Além”, “Chico Xavier – Meus Pedaços do Espelho”, “A Alma da Matéria”, ”À Luz do Eterno Recomeço”, “O Dom da Mediunidade”, “A Vida Contra o Aborto” “O Passe como Cura Magnética”, “Não será em 2012”, referia que sempre sentia um grande compromisso com a obra dos espíritos de André Luiz e de Emmanuel, baseando suas próprias produções literárias no estudo e nos desdobramentos das lições destes dois benfeitores, aplicadas à medicina e à saúde de um modo geral. Não poupava esforços na divulgação da doutrina espírita, participando rotineiramente como palestrante em todo o Brasil e na Europa. Na Rede Boa Nova de Rádio apresentava o programa Diálogos Médicos.
Desencarnou no dia 5 de janeiro de 2015 aos 77 anos. O retorno ao plano espiritual foi motivado por um infarto, quando estava em férias com a família em Ilha Bela, litoral Norte de São Paulo.
Em encarnação anterior, foi a conhecida personagem Catarina de Médici, nobre italiana que se tornou Rainha Consorte da França de 1547 a 1559, como esposa do Rei francês Henrique II, notabilizada pelo ocorrido da Noite de São Bartolomeu. Uma coincidência curiosa é a data do desencarne de ambas: 5 de janeiro.
André Luiz
O ano de 1944 marca a estreia de André Luiz no mercado editorial espírita brasileiro, revolucionando, de certo modo, a concepção geral acerca da vida pós-túmulo. “Nosso Lar” descreve as atividades de uma cidade espiritual próxima à Terra, e transforma-se em objeto de estudo, discussão e deslumbramento nos círculos espíritas do país.
Portas até então cerradas se abrem de par em par, revelando vida e trabalho, continuidade e justiça onde imperavam dúvidas e suposições.
André Luiz não é o seu verdadeiro nome.
Dele sabe-se apenas que foi médico sanitarista, no século XX e que exerceu sua profissão no Rio de Janeiro, Brasil. Segundo suas próprias palavras, optou pelo anonimato, quando da decisão de enviar notícias do além-túmulo, por compreender que “a existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade”.
Imensa curiosidade cerca a personalidade do benfeitor e aventam-se hipóteses, sem que se chegue à sua real identidade. André Luiz, no entanto, fiel ao desejo de servir sem láureas, e atento ao compromisso com a verdade, prossegue derramando bênçãos em forma de livros, sem curvar-se à curiosidade geral.
A vaidade do nome ou sagrações passadas já não encontram eco em seu coração lúcido e enobrecido.
André Luiz foi, positivamente, dentre todos os Benfeitores que escreveram aos encarnados o que manteve fidelidade maior aos postulados espíritas, notadamente à Allan Kardec. O seu trabalho, no que concerne à forma e ao fundo, notabiliza-se em tudo pelo respeito e lealdade mantidos, ao longo do tempo, ao Codificador e à Codificação. Por mais de quatro décadas, André Luiz trabalhou ativamente junto a Seara Espírita, lhe exornando a excelência e clarificando caminhos.
Chico Xavier, o médium que serviu de “ponte”, hoje desencarnado, não pode mais oferecer mão segura à transmissão de seus ensinamentos luminosos.16
Referências Bibliográficas
- Capturado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Bezerra_de_Menezes.
- Capturado de http://www.enciclopedianordeste.com.br/0072.php
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- Capturado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Leoc%C3%A1dio_Jos%C3%A9_Correia
- Capturado de http://www.feparana.com.br/biografia.php?cod_biog=133
- Capturado de http://www.ramirodavila.com.br/ramiro.html
- Capturado de http://candidomachado60.blogspot.com.br/
- Roberto, Gelson. O mito de Sepé Tiaraju e a tradição de cura no RS: uma contribuição para a compreensão dos processos psicóides. Dissertação de mestrado. Porto Alegre: PUCRS, janeiro de 2004.
- Grandes Espíritas do Brasil. Zeus Wantuil. FEB. 1968.
- Capturado de http://www.institutopadrereus.com/
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- Caputado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Joanna_de_%C3%82ngelis
- Capturado de http://www.institutoandreluiz.org/andreluiz.html